Justiça organizacional e justiça de gênero

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Olá, estou aqui com a Angela para falar sobre justiça organizacional. Eu sou Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.

Angela, afinal o que é justiça organizacional?

Bom, justiça organizacional deriva do conceito de justiça dentro da sociedade. Cada coisa que acontece nós, enquanto sociedade, fazemos uma avaliação a partir da sua percepção, dos seus valores, se aquilo que aconteceu é justo, ou não. Dentro da organização é a mesma coisa, quando há uma decisão sobre promoção, sobre um bônus, sobre uma avaliação de desempenho, as pessoas vão avaliar se a tomada de decisão foi justa, ou não foi justa. Então, a justiça organizacional é a percepção que as pessoas têm sobre as decisões que são tomadas dentro da empresa.

E por que as organizações deveriam se preocupar com este tema?

Porque a justiça organizacional é um ponto importante, pois se as pessoas não percebem a justiça organizacional, nem que se tem, ou não se tem, mas se elas percebem que não tem, tem uma maior intenção de turn over, maior a intensão de sair, piora o clima, as informações que são passadas pelas empresas são desacreditadas pelos funcionários. Então uma empresa na qual as pessoas têm uma percepção maior de justiça, as pessoas tendem a ficar mais, tem um melhor clima e consequentemente melhores resultados.

Angela, como é que isso se dá na prática dentro das organizações?

O meu estudo da tese foi feita a partir do conceito de justiça de gênero. Então como é a comparação entre as decisões que são feitas considerando um homem e considerando uma mulher. E, a partir da perspectiva dos profissionais de RH se verificou que existem diferenças. Por exemplo, em um recrutamento e seleção, eu tenho critérios pré-definidos para aquela vaga em termos de qualificação, de competências, de perfil psicológico e tal. Só que se eu tenho uma mulher entre os candidatos possíveis para esta vaga, vai também se considerar, informalmente, às vezes até inconscientemente, o fato dela ser mãe, ou não; dela ser casada, ou não; e até dela ser mulher mesmo. “Ah, porque este cargo não foi desenhado para uma mulher, este cargo precisa de pulso”, por exemplo, foi um dos exemplos que eles deram. “E uma mulher não vai ter pulso”, como se tivesse de alguma forma ligada ao gênero e não às características pessoais independente do gênero. Desta forma se verifica que a justiça não está sendo aplicada, porque eu estou usando critérios diferentes para escolher alguém para uma mesma vaga diferente dos critérios pré-acordados quando se foi feito o desenho desta vaga.

O que as organizações devem fazer? Devem criar políticas, ou o quê, para que isso não aconteça?

As organizações têm feito e desenhado muitas políticas para coibir este tipo de decisão vindo dos gestores. Só que o que tem sido visto, em outros países, inclusive, é que se isso não vier acompanhado de um processo de conscientização, a justiça não vai chegar, principalmente no Brasil, que vem de uma cultura machista, onde é normal você falar assim: “Ah, eu não vou contratar uma mulher porque ela sai mais cedo, porque ela tem filho para cuidar”. Isso é normal, não é mal visto dentro da sociedade. Em outros países, principalmente nos países nórdicos, isso não faz o menor sentido, porque nem o homem, nem a mulher, ficam até mais tarde, os dois são responsáveis pelo cuidado da casa. Então se eu não trabalhar a conscientização, a problematização destas questões do dia a dia as decisões vão continuar sendo injustas quando vemos a questão de gênero dentro das empresas.

Legal, Angela, muito obrigado!

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