Após uma semana de treinamento intenso, quanto do conteúdo você consegue efetivamente se lembrar? Já parou para pensar na quantidade de informações que aprendemos, mas acabamos esquecendo após um curto período? Eu sou Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.
Herman Ebbinghaus foi um psicólogo alemão e o pioneiro no estudo científico da memória. No final do século 19, Ebbinghaus fez um intenso estudo em que ele mesmo memorizou uma sequência de sílabas que juntas não possuíam sentido algum e mensurava a retenção da memória ao longo do tempo.
A Curva de Esquecimento é uma generalização de sua descoberta e pode ser interpretada da seguinte forma. No momento em que estamos aprendendo, basicamente conseguiremos resgatar toda a informação que queremos. Após 20 minutos, do conteúdo visto, retemos 58%, o que quer dizer que já teremos esquecido 42% destas informações. Após 1 hora esse número cai para 44% e após 9 horas, conseguiremos resgatar apenas 36% da informação.
Ao final do primeiro e do segundo dia teremos respectivamente apenas 33 e 28% de retenção, ou seja, já teremos esquecido cerca de 70% das informações. E este número continua caindo até restar apenas 21%. Em outras palavras esquecemos aproximadamente 80% após um mês.
Ao longo de mais de um século, inúmeros estudos replicaram seu experimento e chegaram a taxas muito similares. Por isso, apesar do estudo ter sido aplicado apenas com uma amostra, ou seja, sobre si mesmo, diversas outras pesquisas respaldam sua generalização. Outros, por exemplo, chegam a constatar índices ainda mais elevados, com até 90% de esquecimento após uma semana.
Esquecer não é uma falha do nosso cérebro. Pelo contrário, é um processo normal, natural e necessário. Diariamente somos bombardeados por milhões de estímulos. São propagandas, conversas e notícias, por exemplo, que não trazem valor algum e que não mudam em nada nossas vidas. Então, porque deveríamos processar e guardar todas estas informações? Nosso cérebro é otimizado para selecionar, armazenar e resgatar apenas as informações que são relevantes e que são usadas.
O problema acontece na educação e no treinamento, quando há expectativa de retenção de informações e de construção de conhecimentos por parte dos aprendizes, dos educadores e da organização, mas o que ocorre de fato é o esquecimento de boa parte deste esforço.
Infelizmente, os sistemas e as metodologias de ensino e aprendizagem foram desenhados por conveniência dos autores e sem pensar no funcionamento de nossa memória. Com isso sub aproveitamos todo o potencial oferecido na educação formal e também limitamos o desenvolvimento dos profissionais em suas carreiras.
Aprender a aprender continuamente ao longo da vida é a principal competência dos nossos dias.
Gostou? Então não perca os próximos cafezinhos, em que apresentaremos algumas respostas para combater a curva do esquecimento. Até mais!
7 comentários sobre “A curva de esquecimento de Ebbinghaus”
Essa teoria também se aplica na aprendizagem motora ( esportiva ) ?
Olá Rommel, como vai? Este conceito foi elaborado pensando exclusivamente na área cognitiva. Entretanto, acredito que a lógica da perda de condicionamento e destreza também são válidos para as habilidades. Sugiro que pesquise qual seria o seu equivalente no ramo esportivo. Abraços!
Se “os sistemas e as metodologias de ensino e aprendizagem foram desenhados por conveniência dos autores e sem pensar no funcionamento de nossa memória”, gostaria de saber qual e como, aprender corretamente? Qual a metodologia adequada e como ter acesso a ela?
Olá Romualdo, tudo bem? Este é um campo bastante vasto, sugiro que pesquise sobre “neurociência e aprendizagem”. Também sugiro que veja esta série em nosso canal começando por este: https://espresso3.com.br/make-it-stick-3-estrategias-chave/ abs!
Tema muito interessante, Wagner!
Eu tenho estudado como aperfeiçoar meus métodos para me tornar cada vez mais eficiente. Eu sou advogado e na minha área, muitas vezes, especialmente em audiência, o profissional precisa tomar decisões rápidas recorrendo a todo um arcabouço teórico relacionado direta ou indiretamente com o caso concreto.
Eu também tenho constatado, ao longo de mais de 12 anos de carreira e algumas centenas de casos, que os mais bem sucedidos nem sempre são os mais aptos do ponto de vista técnico ou mesmo da inteligência, mas antes, os que possuem estratégias mais consistentes.
Keep it coming, mate! Bom conteúdo. Numa época onde tanta gente fala sobre tudo é muito bacana encontrar um lugar como este aqui.
Ei, tudo bem? Qual a fonte de onde você tirou as porcentagens?
Olá Thais, como vai? A fonte original é o próprio estudo de Ebbinghaus publicado em 1885 e chamado”Memory: A Contribution to Experimental Psychology”. Neste link você pode acessar este clássico:https://psychclassics.yorku.ca/Ebbinghaus/index.htm