Série CBTD 2018 |3 de 9| Ciência da felicidade

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Olá, voltamos ao CBTD 2018 e as minhas próximas convidadas são Valéria e Gisele e nós vamos falar sobre a ciência da felicidade.

Eu sou o Wagner Cassimiro e este é o Espresso3!

Tudo bem Valéria?

Tudo bem!

Vamos começar com você me contando um pouco sobre a realidade do GRAACC e os desafios no relacionamento com pacientes e seus familiares.

O GRAACC temos um centro muito especializado na parte de oncologia infantil e adolescentes e precisamos manter sempre este lado humano, tanto do paciente como das famílias, das equipes e tudo mais. Quando nós falamos em equipe, estamos falando, realmente, como um todo do GRAACC. É importante essa interação das equipes multiprofissionais, quando eu digo isto, médicos, enfermeiros. E realmente um alinhamento entre eles, que envolve a cura. Para que tudo isso torne algo e tragamos um resultado positivo, buscamos cada dia a melhoria do clima organizacional. É nesse sentido que buscamos algo como a psicologia positiva para levantar o ego deste funcionário que tem um ambiente tão pesado para trabalhar com uma criança com câncer. Que este ambiente possa ser um pouco mais leve, mais tranquilo, que ele possa transmitir tudo que ele tem de melhor para o paciente. É nesse sentido que buscamos cada dia projetos inovadores como a parceria que tivemos com a SB Coaching no sentido de proporcionar momentos de felicidade, pois todos que estão no GRAACC têm um propósito maior, que é a cura do câncer. Isso é o maior desfio nosso. Não medimos forças para que isso aconteça. Isso está em todo funcionário desde que ele entra. Ele tem essa missão, esse valor, que é dele. Se ele não tem isso, ele não consegue trabalhar lá. A psicologia positiva proporciona tudo isto para nós. Para ele se sentir a pessoa mais importante naquele momento, independente se ele trabalha na nutrição, se ele é um médico, se ele é um enfermeiro, ele está salvando vidas. Ele está proporcionando o melhor atendimento, o melhor tratamento para aquele paciente. É nesse sentido.

Agora Gisele, me conta como vocês aplicaram na prática a psicologia positiva?

Foi o seguinte Wagner, este projeto veio de uma grande inspiração que foi o meu sobrinho que foi um jovem que passou pelo GRAACC. Infelizmente ele não se curou, mas durante todo o tratamento dele, a família vive aquilo por um ano, no meu caso foi um ano, mas outras crianças vivem por muito tempo. Como tem uma vivência lá dentro, a criança tem que continuar a ser criança, o adolescente precisa continuar a ser adolescente, e comecei a perceber que ele tinha momentos de felicidade lá dentro. Como estou dentro da Sociedade Brasileira de Coaching, tenho contato direto com a fundadora, que é a Flora Victória e ela estava trazendo um projeto social que é o SBCoaching Social, lá para dentro, todo fundamentado na psicologia positiva, em uma tese dela de mestrado junto à Universidade da Pensilvânia. Falei “Por que não o GRAACC ser o case pioneiro deste projeto social?” e conversando com a Flora, conversando com a Val, colocamos o Semear da Sociedade Brasileira de Coaching, dentro do GRAACC. Nós trabalhamos em duas etapas.

A primeira com a TMO e a segunda com a UTI. O projeto Semear encaixa com o GRAACC por quê? Tanto a Flora como o Doutor Petrilli, falam que trabalham no limite da ciência. Não podemos brincar com a vida das pessoas. Tudo ali é ciência, tudo é ciência da felicidade.

Temos 6 etapas, cada etapa com quatro intervenções de ciência da felicidade. Intervenções simples. Se eu passar para você, você consegue passar para as outras pessoas. Por isso se chama Semear. Nós vamos construir jardineiros para que eles floresçam as áreas do bem-estar. O bem-estar físico, o bem-estar no trabalho, o bem-estar nas comunidades e o bem-estar na sociedade.

Você poderia me dar um exemplo?

Na primeira etapa, onde trabalhamos supremacia, nós trabalhamos uma ferramenta para ligar a pessoa aos sonhos, pois as pessoas deixam de sonhar, nas realidades mais pesadas e o câncer é uma realidade muito pesada. Estimulamos as pessoas a encontrarem seu ideal, mesmo que ele não exista hoje, e dentro desta atividade um dos enfermeiros disse “Eu apliquei com uma das pacientes que estava chorando muito na UTI e fui querer saber por que ela estava chorando”. Ela disse “Estou chorando pois vai ser aniversário do meu avô e não vou estar lá”. Ele respondeu “O que você quer?” E ela “Eu quero estar lá”. E quem disse que você precisa estar lá para estar presente?, disse ele. Ele deu uma folha para ela e pediu que ela convidasse seus convidados para a festa do seu avô. Na hora ela parou de chorar e começou a escrever. Agora você escolhe o bolo, você escolhe a decoração. O que ele fez? Ele descobriu o que ela queria para o futuro dela e montou um plano de ação. O mais engraçado foi que aquilo mudou tanto o estado emocional daquela paciente que ela conseguiu se recuperar e ir ao aniversário do avô.

O que mostramos? A felicidade é uma decisão diária e independe dos obstáculos que você está passando no dia a dia e você pode transformar isto. Te dará um pouco de trabalho, vai te movimentar em um esforço, agora, é possível e é simples.

Basicamente, toda pessoa que atua e tem uma interface com o paciente pode ser um promotor da positividade?

Da positividade, da felicidade, do florescimento. Se conseguirmos dentro do hospital GRAACC, que trabalha com tanta delicadeza, tanta sutileza, um momento tão especial da vida dessas pessoas, imagina o que não podemos fazer na vida de todo mundo que, às vezes, não enfrentam desafios tão pesados como estas crianças e estas famílias enfrentam.

Valéria, como a equipe médica que dá suporte recebeu estes instrumentos e como você percebeu o tratamento diferenciado com os pacientes e familiares?

Nós tivemos uma participação, foram dois anos de projeto. Inicialmente tivemos com a TMO e depois com a UTI. Logo de imediato percebemos a motivação interna dos funcionários, isso com algumas ações simples, como uma valorização de si mesmo, autoestima melhor. Lógico que isso acata na melhoria da produtividade da pessoa e nós aplicamos uma pesquisa de clima institucional pela Great Place to Work e nós percebemos no setor de TMO em 2018 um aumento significativo da pesquisa de clima, não só na visão empresa mas para a própria visão área, pois o gap estava mais na visão da área. Eles não tinham uma interação e este ano constatamos o quanto esse clima melhorou que é lógico tem a melhoria de todos.

Se olharmos para fora, você notou alguma diferença na experiência do paciente?

Sim, com certeza, percebemos. A satisfação do cliente é muito grande para nós. Ficamos em primeiro lugar com a satisfação do cliente pela época, então percebemos isto. Já era muito importante, isso só reforçou essa satisfação do cliente. É muito legal.

Parabéns! Muito obrigado!

Obrigada você!

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