Olá, estou com Américo Figueiredo, executivo e professor em Recursos Humanos e nós vamos falar sobre o tema Gestão de Pessoas e o ambiente competitivo.
Eu sou o Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.
Américo, por que é cada vez mais importante o executivo de Recursos Humanos olhar para fora da organização?
Bom Wagner uma organização é feita pela sua interação com meio ambiente, o ambiente onde ela está inserida. Nós chamamos isto de ambiente competitivo. Via de regra, por que as áreas de Recursos Humanos são normalmente pouco reconhecidas ao longo da história na contribuição para o sucesso empresarial? Porque, muitas vezes, estas áreas olham para dentro da organização apenas, desconsiderando a importância do mercado e das forças competitivas que atuam na organização exatamente para alavancagem dos negócios, dos resultados e da sustentabilidade, da perenidade desta organização.
Nunca foi tão importante, Wagner, compreender estas forças externas que atuam sobre a organização, por meio da mudança do comportamento das pessoas. Nós estamos vivendo um processo bastante interessante ao meu ver, de mudança nos padrões sociais, a interação das redes sociais, a comunicação instantânea. Os consumidores insatisfeitos propagam esta mensagem de insatisfação instantaneamente após consumir, usar um produto, visitar uma loja, interagir com o costumer care de uma organização.
A compreensão destas forças mercadológicas, ou seja, destes ambientes externos à organização é fundamental para que tenhamos a organização preparada para fazer frente a este novo padrão de comportamento das pessoas como consumidores, como cidadãos, como colaboradores e, sobretudo, nesta guerra que infelizmente, a meu ver, o Brasil perdeu, que é a Guerra dos Talentos.
Esta expressão Guerra dos Talentos já é utilizada há mais de vinte anos e lamentavelmente o Brasil perdeu, na sua grande maioria das organizações, pela incapacidade destas organizações conseguirem atrair pessoas altamente qualificadas que compreendam exatamente estas forças transformadoras da sociedade moderna como que isto impacta no funcionamento, no planejamento e na execução das nossas empresas exatamente para poderem competir neste mercado. Vejo aí um grande objetivo que as organizações preocupadas efetivamente em competirem em condições de êxito no mercado precisam ter alguém com uma capacidade de entendimento em gestão de pessoas deste movimento externo que está transformando a sociedade.
Como a pauta, a agenda de pessoas poderia ser incluída ao se olhar no ambiente competitivo?
Bom, primeiramente precisamos desenvolver na prática pensamento estratégico para quem está responsável pela função de gestão de pessoas. E aí, meu caro Wagner, peço licença a você para ponderar que esta palavra, Gestão Estratégica, está bastante desgastada, em desuso, exatamente pela profusão de uso inadequada, ao meu ver, desta expressão. Mas se olharmos efetivamente ao que é estratégico para a organização, capital intelectual é muito estratégico.
A organização precisa compreender, a partir da função de gestão de pessoas que o pensamento estratégico, e aí pensamento estratégico entender exatamente as forças de mercado, estes condicionantes de transformação social, o impacto da tecnologia hoje no mundo moderno, não só nas empresas. Nosso modus vivendi hoje é bastante dependente da nossa capacidade de interação com a tecnologia que está disponível no nosso dia a dia.
Ter este modelo mental que compreenda estas forças e como traduzimos estes novos requisitos em requerimentos de capital humano, de programas de capacitação, de programas de atração dos melhores profissionais, que tenhamos uma marca empregadora que seja bastante interessante para atrair inteligência para nossa organização para também convencer clientes, consumidores e que nós somos uma empresa moderna, competitiva e sobretudo socialmente responsável. Isso requer pensamento estratégico, efetivamente, para que o profissional, executivo que estará à frente desta organização, ajudando a organização, a pensar estrategicamente como o seu comportamento empresarial está, absolutamente, em linha com o comportamento social e sobretudo com as expectativas dos vários formadores de opinião na cadeia de interação com a organização, os famosos stakeholders.
Para finalizar, Américo, uma breve pergunta. O executivo de RH olha muito para dentro da organização, quantos por cento do seu tempo e da sua atenção deveria ser alocada para olhar para fora?
Olha, sem sombra de dúvidas, nós deveríamos ter, pelo menos, 70 por cento do nosso tempo dedicado a entender e interagir externamente à nossa organização e deixar os 30 por cento interno exatamente para que a nossa máquina de execução seja capaz de entregar estas expectativas que estamos colhendo neste olhar externo, permanentemente.
Quando digo olhar, Wagner, não é somente você olhar no sentido burocrático e de fazer uma pesquisa sentado no seu escritório. “Ah, vou olhar o que está acontecendo externamente”. Mas é a interação externa, é ir nas lojas, é você, se trabalha em uma empresa de telecomunicações, como eu trabalhei, se colocar na posição de cliente, ir o call center, atender seus clientes, experimentar os produtos, ir em um quiosque, ir em uma loja, testar se seu processo de aquisição do seu produto, do ponto de vista do cliente, é o melhor, ir nas comunidades onde você atua, interagir com os órgãos governamentais, que você precisa interagir para entender se estamos tendo uma parceria que seja bastante produtiva, é a compreensão destes vários elementos externos que farão efetivamente a empresa com mais chances de ser competitiva.
Muito obrigado!
Obrigado você!