Olá, estou aqui com André Saito, da SBGC, nós vamos falar sobre a relação entre gestão do conhecimento e inovação. Eu sou Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.
Tudo bem, André?
Tudo bem, Wagner!
Vamos começar pelo básico. Qual é a relação entre gestão do conhecimento e inovação?
Pode parecer difícil, mas a relação é muito óbvia. Inovação é criar coisas novas, criar conhecimento novo. O conhecimento é a matéria prima da inovação, você precisa de conhecimento para criar coisas novas, porque você não cria nada absolutamente novo, você cria coisas novas a partir de conhecimento existente.
A gestão do conhecimento ajuda a inovação a trabalhar com conhecimento de forma mais sistemática, de forma mais consistente. O conhecimento existe em inúmeras formas. Ele pode estar documentado, pode estar em um sistema, pode estar nas pessoas, em um especialista, em uma pessoa com muita experiência.
Como capturamos este conhecimento, como circulamos este conhecimento, como organizamos, combinamos, recombinamos para criar coisas novas? A gestão do conhecimento ajuda a trabalhar estes processos de conhecimento de forma mais sistemática, consistente e isto faz com que a inovação aconteça de forma mais consistente, mais efetiva.
De certa forma as organizações estão passando por diversas transformações. Como a intersecção destes dois assuntos pode contribuir para a melhoria dessa gestão?
O que está acontecendo é que nós estamos caminhando para um mundo em que a mudança é cada vez mais rápida e por isso as organizações vão precisar inovar cada vez mais rápido.
Até hoje as empresas faziam muito bem a mesma coisa. Uma automotiva, por exemplo. Criaram uma empresa para fabricar carro e a empresa fabrica carro há 10, 15, 20, 50 anos. A empresa existiu até hoje para fazer a mesma coisa muito bem, de forma efetiva, muito eficiente.
O que está acontecendo é que as empresas vão ter que mudar de negócio, vão precisar, não só criar novos produtos, mas entrar em novos negócios e para isto vão precisar inovar de forma regular. A empresa vai precisar saber operar bem o negócio atual e, ao mesmo tempo, inovar constantemente.
Agora, as regras, os princípios, a dinâmica da inovação é bem diferente da dinâmica de você fazer bem a mesma coisa. Você não trabalha com processos, você trabalha com empreendimentos. Você trabalha não fazendo a mesma coisa muito bem, você trabalha com experimentos para aprender mais rápido.
Essa nova dinâmica está trazendo um novo paradigma de gestão. As empresas vão precisar atuar e gerir pessoas, liderar e desenhar estratégias de uma forma fundamentalmente diferente.
Minha última pergunta é a seguinte. Dado que esta inovação também vem de uma diversidade de pessoas, pensamentos e ideias, como a organização olha para o ambiente externo e convida estes atores para inovar em conjunto?
Isto é parte da dinâmica, da dinâmica que estamos vivendo. A gestão do conhecimento trabalha isto. A base para a inovação é você combinar ideias diferentes, perspectivas diferentes, então você precisa de diversidade, você precisa de gente com bagagens diferentes, competências diferentes, talentos diferentes, mas você precisa fazer estas pessoas colaborarem.
Se a pessoa é muito especialista, ela tem dificuldade de colaborar, o RH tem dificuldade de colaborar com finanças, que tem dificuldade de colaborar com a engenharia, com a produção e assim por diante. Mas, não! Para inovar você tem que conversar, você tem que construir uma linguagem comum e não só dentro da empresa, mas fora da empresa, com startups, com a academia, com o governo, com organizações do terceiro setor. Como você mantém uma conversa produtiva, construtiva, para poder gerar combinações novas e gerar inovação.
Muito obrigado!
Para você que nos acompanha, estamos publicando uma série de entrevistas aqui no evento do ICKM e do SUCEG em 2019 em Florianópolis. Até mais!
Um comentário sobre “Série ICKM SUCEG 2019 |4 de 14| Gestão do conhecimento e inovação ”
Muito esclarecedor, conhecimento e inovação tem que andarem juntas de forma que não podem serem dissociadas.