Você considera o esquecimento é inevitável? Como podemos aprender de forma mais eficiente e contornar esse problema? Eu sou Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.
No cafezinho anterior, vimos as 3 estratégias-chave para um aprendizado mais eficiente: Recuperar, espaçar e intercalar. Essas ações sozinhas já trazem grande melhora dentro do processo de aprendizagem. Porém, no livro “Make it Stick”, Roediger e McDaniel trazem ainda mais cinco estratégias complementares que reforçam esse caminho e nos auxiliam na difícil tarefa de aprender a aprender. Vamos conhecer cada uma delas?
A primeira estratégia complementar, ou seja, a quarta estratégia é a elaboração, que é o processo de encontrar camadas adicionais de significado para uma nova informação. Quanto mais você relacionar a nova aprendizagem com o que você já conhece, mais forte será a retenção e maior será o número de conexões para se lembrar dela.
Você pode relacionar as novas informações com conhecimentos prévios, criar analogias e criar representações visuais, como por exemplos, os mapas mentais.
Para educadores, a recomendação é contextualizar a exposição dentro da realidade dos aprendizes e solicitar atividades de organização do conhecimento, por exemplo.
A quinta estratégia é a geração, que é uma tentativa de responder uma questão ou um problema antes de demonstrar a própria resposta, solução ou conceito. Ao invertermos a lógica, criamos estímulo para que as pessoas busquem respostas com seus próprios repertórios e depois ampliem a retenção pela valorização dos novos conhecimentos na solução de um problema. O desafio, mesmo com erro, é benéfico para a aprendizagem.
Para educadores, a recomendação é adotar abordagens de aprendizagem baseadas em investigação, como o método de estudo de caso e a aprendizagem baseada em problemas, ou projetos.
A sexta estratégia é a reflexão, que é o ato de tirar alguns minutos para revisar o que foi aprendido recentemente em uma aula, leitura ou experiência e se fazer questões. De maneira geral, é uma mistura da prática de recuperação com a elaboração, pois estimula a construção de uma síntese, ou explicitação de um significado.
Para educadores, a recomendação é solicitar atividades que estimulem a reflexão, ou mesmo facilitar sessões de debriefing, ou de reflexão coletiva, de uma experiência. Para mais informações sobre este tema, consulte o cafezinho “Não há aprendizado sem reflexão”.
A sétima estratégia é a calibração que é o ato de alinhar seu julgamento do que você sabe e não sabe com um feedback objetivo para que não caia na ilusão da falsa sensação de domínio. Na prática, é uma avaliação que gera autoconhecimento e o faz compreender onde precisa focar seus esforços.
Para educadores, a recomendação é conduzir testes com feedback por área de conhecimento, ou outra forma que possa direcionar os aprendizes a cobrir suas lacunas.
Por fim, a oitava estratégia são os dispositivos mnemônicos, que criam estruturas mentais que facilitam a recuperação do que você aprendeu. Para compreender este, basta lembra de como você memorizou os elementos da tabela periódica em química.
Para educadores a recomendação é criar recursos mnemônicos como, por exemplo, os 4Ps de marketing. Enfim, facilite e não complique.
Embora este cafezinho tenha sido longo, você poderá intensificar a memorização e a compreensão dele, refletindo na sequência e criando associações sobre o que você viu de novo. Amanhã, veja apenas a imagem síntese e tente explicar cada uma das estratégias. Repita o processo em uma semana, ou mais e pronto: você terá memorizado e aplicado o que viu aqui! O próximo passo é você incorporar isso como um hábito! Até mais!
Fonte: Peter C. Brown, Henry L. Roediger III, Mark A. McDaniel. Make It Stick: The Science of Successful Learning. Cambridge, MA: The Belknap Press of Harvard University Press, 2014.