Você quer ter melhores recomendações para nortear o seu desenvolvimento? Eu sou Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.
Este fato talvez já tenha acontecido com você, mas vamos imaginar que tenha acontecido com um colega seu. Então, este seu colega caminha em direção ao líder do time ao final de uma reunião e graciosamente lhe pede um feedback.
O líder, imerso em outros problemas, não sabe como reagir e desconsertado fica em silêncio, ao mesmo tempo em que tenta processar em poucos segundos um flashback do que foi o trabalho nos últimos tempos.
Na espera, seu colega abre um sorriso despretensioso que desarma qualquer pensamento negativo e torna qualquer crítica desapropriada naquele momento. Como estratégia de fuga, o líder faz um comentário seletivo, superficial e positivo que faz com que os dois saiam da conversa satisfeitos e com o dever cumprido. Ufa!
Quatro pesquisadoras de Harvard publicaram um artigo chamado “Por que pedir conselhos é mais eficaz do que pedir feedback?”, na edição de outubro de 2019, da HBR Brasil.
Nele, elas relatam um estudo em que 200 pessoas deveriam oferecer ideias, algumas na forma de “feedback” e outras na forma de “conselho”, para uma carta de solicitação de emprego escrita por um de seus colegas.
As pessoas que deram “feedback” tenderam a dar comentários vagos, em geral elogiosos. Já aquelas que deram “conselhos” foram mais críticas e práticas na resposta. No geral, as pessoas solicitadas a dar “conselhos” sugeriram 34% mais áreas de melhoria e 56% mais maneiras de melhorar.
Esta pesquisa nos leva a refletir o quanto a mudança da palavra muda completamente nossa percepção e resposta diante de uma mesma intenção – o desenvolvimento -, e o quanto a palavra “feedback” está precisando de uma reciclagem para ficar mais adequada ao presente. Talvez, “feedforward”?
Quando pensamos em “feedback”, em geral valorizamos mais a avaliação de um fato passado e imutável, em que tentamos buscar evidências que se não forem ditas com cuidado poderão ferir o ego de alguém, ou mesmo levantar problemas que já estavam superados. Assim, diversas possíveis falhas neste processo acabam ocorrendo, desde o lapso de memória, a postura defensiva, a omissão até o amaciamento da crítica para não criar polêmicas ou atritos.
Quando pensamos em “conselhos”, em geral estamos guiando um caminho para um futuro melhor, onde o objetivo é o aprimoramento. Este desapego ao passado e foco no que está por vir, permite-nos a propor contribuições que serão mais bem percebidas para nortear a ação futura, assim como na implementação de planos mais práticos. Também, o “conselho” é algo mais impessoal e neutro, ao contrário do “feedback”, onde de certa forma você também foi um ator na situação relatada.
Em síntese, embora o “feedback” seja uma oportunidade de desenvolvimento, seu exercício foca na avaliação e em fatos passados, que ofuscam a verdadeira essência de um desenvolvimento futuro e genuíno. É óbvio que sua contribuição é inevitável, sobretudo na formação de novatos. O pior seria você não ter nem conselhos, nem feedback.
Gostou da ideia? Então peça conselhos em algo que as pessoas possam contribuir e perceba a diferença na resposta e na postura delas. Até mais!
Fonte consultada: Yoon, J.; Blunden, H.; Kristal, A.; Whillans, A. Por que pedir conselhos é mais eficaz do que pedir feedback? Harvard Business Review Brasil, ed. outubro, 2019.