Olá! Estou aqui com a Ângela, para falar sobre práticas de gestão da diversidade. Eu sou Wagner Cassimiro, e esse é o Espresso3!
Ângela, o que as organizações estão fazendo para promover a justiça organizacional, sobretudo na questão do gênero?
Tem algumas práticas específicas para as mulheres, principalmente na questão de desenvolvimento de carreira. A questão de mentoring, coaching específico para mulheres, ter focos de desenvolvimento de liderança, um programa específico só para as mulheres, para que elas tenham as mesmas oportunidades que os homens de crescimento de carreira dentro daquela organização.
Um outro ponto que é bem discutido dentro das organizações é a questão do trabalho flexível e do home-office, se vale a pena ou não oferecer para as mulheres, porque assim as mulheres conseguiriam equilibrar mais os papéis diversos, não só o de profissional. A tendência das empresas hoje é oferecer o home-office, trabalho flexível, mas para os dois, pra passar a mensagem também para os homens que eles não tem só o papel de provedor da casa, e profissional, mas que ele tem responsabilidade com a casa e com os filhos também. Se eu ofereço esse tipo de prática só para as mulheres eu passo a mensagem de que é isso mesmo, de que só a mulher é responsável. E eles querem mandar outro tipo de mensagem.
Outra discussão que se tem muito no RH é a questão de cota, se vale a pena eu colocar cotas pra mulheres na liderança. A maioria dos profissionais que eu entrevistei é contra, ou é a favor por um pequeno período de tempo. Porque se tem a ideia de que se eu coloco uma cota pra liderança para as mulheres, eu vou ter uma descriminação reversa, as pessoas vão achar que uma mulher só alcançou aquele cargo porque ela é mulher, não porque ela tem as competências e as qualificações necessárias pra aquele cargo. E isso ainda é mais forte para as mulheres, porque as mulheres já têm o nível de qualificação, principalmente se olhar em anos de estudo, maior do que os homens. Então na cabeça da maioria das pessoas isso não faz sentido. Por que colocar cota se ela já é mais qualificada?
E antes de sair implementando práticas como essas que você citou, o que uma organização deveria refletir antes de tudo?
A primeira coisa é conhecer o seu negócio. Quem é o seu público, mapear onde estão as mulheres da empresa, onde estão os homens, ver a questão da cultura organizacional, quais são os valores, se a cultura é mais aberta para a diversidade ou menos. Para então direcionar quais práticas fazem sentido praquele público e quais não fazem. Uma das práticas que algumas empresas têm é a questão da licença maternidade de 4 ou 6 meses. Algumas empresas estão implementando por exemplo a extensão da licença paternidade para um mês, pra mostrar que os homens também são responsáveis pelos filhos, pra eles criarem vínculos e etc. Mas isso talvez não dê certo em todo tipo de empresa, porque se você tem um público muito mais jovem, que não está na idade de ter filhos, por volta de 20, 25 anos, que as pessoas quase não tem filhos hoje em dia nessa idade, não teria porque começar a implementar uma política ou uma prática desse tipo, poderia ver qual é a mais adequada pra idade, para o perfil, para o nível de escolaridade, para o público que você tem dentro da sua empresa.
Legal, muito obrigado Ângela.