Olá, estou com Mario Valle, do Senac São Paulo e nós vamos falar sobre o programa de inclusão e diversidade. Eu sou Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.
Tudo bem, Mário?
Tudo bem, e você Wagner?
O Senac São Paulo tem um programa premiado de inclusão e diversidade e eu gostaria de começar com esta questão. Por que vocês decidiram investir em um programa deste tipo?
Bom Wagner, nós começamos, lógico, com a obrigatoriedade da lei de cotas, isto no ano de 2002. E desde lá temos trabalhado bastante, não só com a inclusão de pessoas com deficiência, mas também com outros públicos que representam a diversidade.
O programa foi se transformando em um programa mais robusto à medida que fomos aprendendo, fomos juntos aqui, pois não é tão simples estruturar um programa de inclusão e diversidade, e fomos aprendendo juntos e fomos estruturando.
Dentro deste contexto, lógico, almejava ter um programa que fosse uma referência, mas não esperávamos chegar tão longe. Nós temos, inclusive, prêmios fora do Brasil. Fomos premiados durante cinco anos no estado de São Paulo entre as três melhores empresas para trabalhadores com deficiência e também recebemos duas vezes a menção na Organização das Nações Unidas.
Isto mostra que o programa é sólido, foi bem construído e temos que agradecer cada funcionário do Senac que participa nesta empreitada conosco. Acho que basicamente é isso.
Mário, o Senac São Paulo tem diversas unidades. Como vocês operacionalizam este conceito em todas elas?
O Senac São Paulo optou desde 2002, que é o ano que nasceu o programa, por três princípios. O primeiro princípio é o não mapeamento de cargos. Nossa instituição é uma instituição de prestação de serviços, então não temos porque mapear um cargo ou limitar um cargo para qualquer pessoa com qualquer tipo de deficiência.
Uma vez que não mapeio cargos, tenho que eliminar barreiras. Este é o segundo princípio. Nós fazemos um esforço muito grande para que quando o funcionário chegue no posto de trabalho, ele chegue com o posto de trabalho já adaptado a ele. Nós vamos buscar os elementos, as tecnologias, tudo que for necessário para que ele produza, para que ele trabalhe como outro funcionário.
A terceira é a descentralização da gestão. Nós temos uma gestão descentralizada justamente porque estas unidades estão espalhadas ao longo do estado, elas ficam em distâncias muito grandes. Nós somos apenas três funcionários aqui. São dois coordenadores, eu e mais uma colega, e mais um assistente para dar conta de fazer todo este processo.
Nós acompanhamos desde o recrutamento, seleção, ambientação, tudo isto apoiamos, então fica muito difícil para fazermos isto daqui. Cada unidade conta com um representante da inclusão que é responsável por nos apoiar.
Os números são grandes porque a instituição é grande, nós temos mais de 9200 funcionários, mais de 460 funcionários com deficiência, nós superamos a cota, temos números acima e fazemos um esforço para manter estes números acima.
Entendemos que o desafio não é só cumprir a cota, mas é manter a cota. Temos algumas práticas, um acompanhamento mais de perto, com relatórios mensais, um corpo a corpo com as unidades para que elas mantenham isto, então é isto, é isto que temos feito.
Temos mapeado a evolução destas pessoas. Não sei os números com certeza, mas em 2017, 34% destes funcionários haviam sido promovidos pelo menos uma vez. Em 2018 este número passou de 50% e em 2019 esperamos que mantenhamos os 50 ou que chegue aos 60%.
Estamos acompanhando, estas pessoas estão evoluindo, estão se desenvolvendo, mas elas também usufruem de todos os benefícios que os outros usufruem, por exemplo os cursos da educação corporativa, da programação aberta, o bolsa estímulo, que são cursos em outras instituições. Isto faz parte do nosso dia a dia. Não é apenas por a pessoa aqui dentro, mas garantir que ela também se desenvolva.
Mário, você havia citado que o programa de inclusão e diversidade está dentro da ação de educação corporativa. Quais são os programas ofertados tanto para quem chega na organização, como para quem está nela atualmente?
Nós temos os programas que são abertos para todos os públicos e que as pessoas com deficiência participam, mas nós temos programas específicos que são voltados para inclusão e diversidade.
Nós temos o workshop de inclusão e deficiência que é um curso básico para todos os funcionários, as unidades têm uma meta, elas têm que ofertar pelo menos uma turma deste curso ao longo de um ano. Este curso sensibiliza e prepara os funcionários para a convivência, para o dia a dia da pessoa com deficiência para saber, por exemplo, como guiar um cego ou como se comunicar com uma pessoa surda, pois nós temos pessoas surdas na biblioteca, pessoas cegas no atendimento, na linha de frente. Esse é um curso básico.
Depois nós temos a oficina da diversidade como valor que é um curso que aborda outros temas da diversidade, então ampliamos para outros públicos, outros recortes da diversidade, por exemplo gênero, sexualidade, população negra, enfim, nós também aprofundamos este diálogo.
Atualmente também trabalhamos com alguns cursos mais curtos. São algumas rodas que nós chamamos de diálogos, temos o gênero e sexualidade, educação antirracismo, a nossa proposta é trazer temas para estes diálogos como mulher, refugiados, população carcerária que são temas que são muito importantes de refletirmos aqui.
Além destes, temos cursos específicos para professores. Cursos que preparam o professor para atender um aluno com deficiência auditiva, ou que prepara o professor para atender um aluno cego.
Estes são os programas que atuamos com mais força e têm outros sob demanda, ou necessidades que aparecem pontualmente. Basicamente são estes os programas que ofertamos para a rede.
E se eu sou gestor de uma organização e estou pensando em implementar ou melhorar meu programa de inclusão e diversidade, como eu posso ter ajuda?
Pode entrar em contato conosco. Nós temos uma prática de benchmarking aqui, é muito comum recebermos empresas assim como também procuramos outras empresas. Fiquem à vontade, estamos sempre disponíveis para compartilhar, para contar a história para vocês e também para ouvi-los. Fiquem à vontade, estaremos aqui esperando vocês.
Muito obrigado!
Obrigado eu!
Um comentário sobre “Programa de inclusão e diversidade do Senac São Paulo ”
Discutir a Diversidade é um exercício político importantíssimo. O Estado por meio de suas ações, institucionaliza o preconceito na construção de políticas públicas que reproduz um pensamento conservador e positivista. Quebrar essa barreira autoritária exige um olhar mais crítico sobre o comportamento estatal e suas mazelas.