Você sabe como levantar a demanda do aprendiz na sua organização? Eu sou Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.
Nos últimos cafezinhos, abordamos a visão geral dos estágios da análise de necessidades, ou de demandas, que começa com a análise do negócio e termina com recomendações para o desenho das soluções de aprendizagem. Apresentamos os quatro estágios da análise que se relacionam com os quatros níveis de avaliação.
Também, apresentamos as questões norteadoras do estágio das demandas do negócio, do estágio das demandas do desempenho e do estágio das demandas da aprendizagem.
Hoje, apresentaremos as questões norteadoras do quarto estágio: demandas do aprendiz. Estas questões devem ser analisadas considerando os demais estágios já vistos, pois agora é o momento de ver a grande imagem com a intersecção de todos os elementos envolvidos no diagnóstico de necessidades de aprendizagem.
A primeira questão norteadora é bem ampla e poderá ser muito útil se bem realizada, assim temos: Qual é o perfil do público-alvo? Aqui buscamos compreender as características dos nossos aprendizes, como: as gerais (faixa etária, sexo, quantidade, distribuição geográfica, disponibilidade, etc.), as relacionadas ao conhecimento (formação, capacitações e experiências prévias, diversidade de conhecimentos, aptidões tecnológicas, etc.), as comportamentais (atitudes em relação aos resultados esperados, motivação, etc.), etc.
Resgatando o exemplo da área comercial, imagine que nosso escopo seria de vendedores recém contratos, na faixa dos 25 anos, com experiência na área e altamente motivados a alcançarem as metas.
A segunda questão norteadora é: O que eles já sabem e não sabem fazer? Não precisamos ensinar tudo do zero, é necessário avaliar quais dos itens mapeados no estágio anterior já são conhecidos pelos aprendizes.
Em nosso exemplo, notamos que os aprendizes têm experiências em comercializar outros produtos. Assim, podemos perceber que eles não são leigos na competência de negociação, porém desconhecem a empresa e seus produtos. Assim, precisaríamos alinhar as abordagens de negociação e dar um “banho de loja” em relação aos produtos da organização, não sendo necessário de explicar conceitos e práticas básicas do tema.
Neste ponto vale o comentário de que a uniformidade do conhecimento no grupo de aprendizes facilita a condução de capacitações estruturadas, e que a diversidade do conhecimento leva a consideração de formatos e meios mais adaptativos, com avaliação antes, durante e depois para se checar estas lacunas.
A terceira questão norteadora é: Quais são os formatos de aprendizagem que estão mais aderentes ao perfil e preferências do público-alvo? Aqui buscamos selecionar formatos de aprendizagem mais apropriados ao perfil do público-alvo, levando em consideração os fatores levantados no estágio anterior, como a natureza da competência.
Em nosso exemplo, corroboramos o role play, por ser um formato mais adequado ao perfil comercial, sendo mais dinâmico e interativo, e evitamos longas exposições de conteúdo.
A quarta questão norteadora é: Quais as resistências e barreiras culturais e sociais dos aprendizes? Se aprendizagem é sinônimo de mudança, logo teremos que lidar com possíveis resistências e barreiras.
Imagine que em nosso exemplo alguns aprendizes trazem vícios de mercado incompatíveis com a nova organização. O esforço será muito maior para fazer estes profissionais desaprenderem estes hábitos e adquirirem comportamentos mais aderentes. Assim, a repetição, o reforço negativo e o reforço positivo deverão ser considerados no desenho das soluções de aprendizagem.
A quinta questão norteadora é: Como checar se as pessoas estão confiantes e motivadas? Novamente, os insumos para desenhar a avaliação aparecem como fechamento de cada estágio. Como os itens de avaliação de aprendizagem estavam no estágio anterior, neste ponto avaliaremos a reação, mas não a satisfação, o gostou e não gostou, mas sim a compreensão de sua confiança e motivação em aplicar os novos conhecimentos.
Ao longo desta série levantamos vinte questões norteadoras que devem ser checadas no diagnóstico de necessidades de aprendizagem, que é a fase de análise do processo de design de aprendizagem. Na sequência, teremos o design, o desenvolvimento e a implementação da solução de aprendizagem. E na última fase, a avaliação, teremos a verificação dos resultados de cada estágio definidos neste diagnóstico.
É válido mencionar que existem diversas metodologias para atender as questões, mas isso é assunto para um outro cafezinho.
Por fim, vale a pena resgatar a intenção inicial e quebrar um importante mindset. Com este roteiro não teremos um analista de treinamento que irá retirar um pedido de aprendizagem nos moldes tradicionais; teremos um consultor de negócios que buscará compreender a situação, descrever a relação entre as varáveis e recomendar a melhor combinação de soluções. E para isso, reforçamos que este diagnóstico não seja abreviado, mas que sim seja iniciado pela demanda do negócio.
Bem, este é o final da série de diagnóstico de necessidades de aprendizagem. Caso não tenha visto os demais, recomendo que os assista. Ah, e não perca na próxima terça-feira mais um novo cafezinho! Até mais!