Olá! Estou aqui com José Cláudio Terra, para falar sobre Corporate Venture. Eu sou Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.
Terra, o que é Corporate Venture?
Corporate Venture é uma prática que é bastante adotada no setor de tecnologia. Nas grandes empresas de tecnologia, nos Estados Unidos, elas foram pioneiras neste tema e tem a ver com o fato das empresas investirem em outras empresas, tipicamente empresas nascentes, empresas de base tecnológica, quase como uma aposta para ver tendências emergentes que elas imaginam que seria necessário elas terem uma posição para acompanharem o desenvolvimento tecnológico.
Então, estamos falando de empresas como Intel, Microsoft, Google, que historicamente vem investindo em outras empresas menores, em startups ao redor do mundo. E isso ocorre tipicamente, não a partir da própria empresa, mas elas acabam montando um fundo de investimento, que pode inclusive em alguns casos ter dinheiro de outros investidores, mas no caso dessas grandes organizações, como elas tem uma disponibilidade enorme de caixa elas usam o seu próprio dinheiro, mas separam isso como um braço de investimento, inclusive tem alguns tipos de proteção legal, de manter o risco a distância da empresa principal.
É uma iniciativa que faz com que você tenha quase como se fosse um investimento em ações e você tem várias apostas. Só que não são ações no sentido clássico, não são empresas cotadas em bolsa. São empresas de base tecnológica e você imagina que algumas delas vão ter bastante sucesso. Nos últimos anos esse tema, principalmente nos últimos dois, três anos, esse tema vem ganhando corpo aqui no Brasil, algumas organizações já estruturaram fundos de investimento, ou participam de fundos de investimento, como uma forma não apenas de investir e ter um ganho financeiro, mas à medida que você investe em uma outra empresa, você passa a ser um acionista e sendo acionista você tem direito à informação, você tem direito aos avanços tecnológicos, você acompanha o desenvolvimento dessa empresa, dessa tecnologia, desse mercado, sem necessariamente você incorporar todas as questões digamos societárias, ou de gestão, tentar colocar o seu modelo de maneira precipitada em uma outra empresa.
Às vezes é melhor deixá-la pequena e deixá-la crescer meio a distância. Como se fosse um filho rebelde que você quer que cresça e quando ele for maior você vai trazê-lo para dentro da família. Então, isso tem sido uma boa estratégia, que é uma forma de você também se defender. Então, vemos o setor financeiro que é muito estimulado pelas FinTechs e iniciativas dessa natureza, é uma forma de você não ser pego de “calças curtas”, porque surgiu uma empresa que você não deu bola, e de repente essa empresa ficou maior que você. Isso temos visto muito nos setores onde a transformação tecnológica é muito forte.
Você poderia dar algum exemplo nacional?
Sim. Muito recentemente o próprio Bradesco começou uma iniciativa de relacionamento com startups, montou agora fundos e está investindo em algumas empresas. A Porto Seguro é outra que também começou como aceleradora, e depois começou a colocar um investimento também nessas startups. Acho que está começando ainda no Brasil, nós ainda não temos grandes casos de sucesso, grandes investimentos, como no caso dos Estados Unidos, mas é uma tendência muito interessante e é uma maneira legal, oficial, de conectar dois mundos muito distantes. A mega organização e aquela organização nascente.
Ok, muito obrigado!