Série Parker |1 de 6| – Evolução da cultura organizacional

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Olá, estou aqui com Marcelo Madarász, Diretor de Recursos Humanos da Parker, e nós vamos falar sobre definição e evolução da cultura organizacional. Eu sou Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.

Marcelo, por que a Parker precisou mudar?

O nome do projeto é “Viva Novos Tempos”. Eu diria que a necessidade de uma evolução da cultura é absolutamente acompanhando novos tempos, os tempos são outros. Se em um período você teve um modelo de gestão de “manda quem pode e obedece quem tem juízo”, porque atendida as necessidades da empresa, ok, fazia sentido, talvez não fosse questionado como hoje.

A medida em que você tem uma evolução do modo como o colaborador se relaciona com a organização, o vínculo que ele tem que é de um engajamento quando faz sentido para um propósito de vida dele não faz sentido você ter uma cultura de controle, de rigor, de “manda quem pode e obedece quem tem juízo”.

E a Parker acordou para o fato de que se você quer o verdadeiro engajamento você precisa permitir essa reflexão de valores, de princípios e por conta disso a cultura precisava mudar radicalmente. Sem nenhuma necessidade de você fazer um julgamento do estilo do líder, o que dá para perceber é que para alguns líderes a possibilidade de uma mudança a ponto de abrir mão do poder da liderança, ou de enxergar que é muito mais o aspecto de você como líder estar a serviço do time do que exercendo poder. Então isso é uma grande ruptura e provavelmente foi por este motivo que percebemos que precisávamos se adequar aos novos tempos. Daí o nome do projeto “Viva Novos Tempos”.

E como vocês definiram essa nova cultura?

A partir de uma reflexão não só da cúpula, mas iniciando no board da empresa. Porque todo projeto de mudança cultural, ou de evolução cultura, que é um tema muito mais interessante, vai acontecer de cima para baixo. Mas depois, no momento seguinte, você vai envolvendo todos os níveis da organização.

Mas o primeiro movimento foi de parar todo o board e refletir: qual é o estilo de gestão que poderia estar a serviço deste novo tempo em que há uma democratização do poder, em que se deseja protagonismo de todos os líderes e de todos os colaboradores?

Então, o primeiro movimento foi a reflexão de quais valores e princípios poderiam nortear esta nova cultura. E isso teve início com o movimento do primeiro homem, do presidente da empresa, e ele foi convocando e convidando o seu time, depois o time de gestores, de supervisores, de coordenadores e assim por diante.

E qual é o papel da educação neste processo?

O papel da educação eu diria que é fundamental e usando a expressão mais rigorosa do sentido de dar um fundamento, de dar um embasamento para isso. Porque quando nós brincamos que o processo de evolução cultural passa por uma doutrinação e a doutrinação no sentido mais nobre possível, é porque você precisa permitir que as pessoas primeiro reflitam sobre “que mudança é esta? Faz sentido para mim? E como que eu me educo, já que não fazia parte do meu repertório e do meu modelo mental funcionar neste novo modelo”.

Tem uma frase que eu gosto muito do Jean-Paul Sartre que é “o homem é condenado à liberdade”. Mas a liberdade é uma condenação? É uma condenação, porque ele é obrigado a decidir.

E quando você se vê em uma situação na qual você é obrigado a decidir você precisa ter a maturidade para arcar com as consequências da sua decisão. Nem sempre as pessoas estão preparadas para tomar decisões.

Tem um filme que mostra isso de uma maneira muito rica, chama-se Manderley, do Lars Von Trier, e um grupo de pessoas se emprenham para a libertação dos escravos. Quando conseguem, há um diálogo entre um dos ex-escravos e uma das senhoras e ele fala “Quem falou que nós queríamos ser livres? Porque agora eu vou ter que ir atrás de casa e de comida”.

E essa cena é muito emblemática e paradoxal, mas mostra que às vezes quando é dada a liberdade a uma pessoa, ela não sabe muito como agir. A educação poderia ajudar também neste vazio que se abre a partir de um momento em que você chega em um ponto em que aquilo que você conhecia deixou de fazer sentido, aquele gestor que mandava e cabia a você simplesmente obedecer sem questionar muda o papel dele. E aí o colaborador precisa de ajuda e a educação corporativa a serviço de um novo modelo de cultura precisa captar primeiro quais as necessidades de um ponto de vista técnico e também do ponto de vista de atitude.

Então, de certa forma é uma educação libertadora?

É uma educação libertadora a partir do momento em que propõe reflexões. E a reflexão passa também por uma profunda indagação se aquilo que você está fazendo faz sentido. E o sentido pode estar tanto fazendo parte de uma cadeia da estratégia quanto sentido para aquilo que o colaborador quer e precisa para si. Então é uma educação que mais do que libertadora permite uma reflexão até em aspectos existenciais.

Muito obrigado!

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