Olá, voltamos a conversar com Paulo Sabbag e agora falaremos sobre os desafios na implementação dos métodos ágeis. Eu sou o Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.
Professor Sabbag, primeiro, o que são e quais as diferenças entre os métodos ágeis e os métodos tradicionais?
A metodologia de projetos nasceu no mundo de projetos de defesa e aeroespacial. Logo depois se disseminou em projetos de engenharia e construção. Estes são todos megaprojetos, coisas demoradas para realizar, que tem um esforço de planejamento demorado, depois vem a execução e depois a avaliação de resultados.
Quando a metodologia de projeto acabou se espraiando para a área de serviços, para as empresas de consultoria e sobretudo para as empresas de tecnologia de informação criou-se um problema, pois essas metodologias convencionais redundavam em cronogramas, em um modus operandi muito lento.
No mundo da tecnologia de informação eles passaram a fazer uma crítica: “não podemos mais planejar em cascata, primeiro eu faço uma coisa que cascateia para outra, que castacetia para outra.
A essência do pensamento ágil significa: vamos trabalhar de forma mais compacta, com um grupo de pessoas com dedicação exclusiva, em vez de fazer primeiro o planejamento e depois a execução nós planejamos e executamos ao mesmo tempo, mas executamos coisas pequenininhas.
O pessoal da metodologia ágil chama isso de sprint, cuja tradução literal seria “arrancada”. É como se eu desse um monte de pequenas arrancadas para produzir partes do que é o meu produto, o meu projeto. Por meio dos sprints sucessivos nós conseguimos realizar a mesma coisa que antes era feita em forma de cascata.
Então tem um perfil mais apropriado de organização que é mais factível utilizar os métodos ágeis?
Pois é. Primeiro: onde que é mais aplicável utilizar a metodologia convencional e a ágil? Porque uma não está contra a outra, elas se complementam, na verdade elas são abordagem complementares.
Quando eu tenho um escopo previsível e a implantação é previsível a metodologia convencional funciona melhor. Quando é muito difícil precisar o escopo e a previsibilidade de implantação é baixa é melhor usar a metodologia ágil. Por isso se eu for fazer um empreendimento imobiliário, eu vou utilizar a metodologia convencional, mas para desenvolver uma campanha, eu usaria a metodologia ágil.
Só tem um problema com a metodologia ágil: ela não é adequada para o padrão de organização que vigorou no século XX, em que as organizações eram altamente hierarquizadas e burocratizadas. Implantar a metodologia ágil em um ambiente hierarquizado e burocratizado não levará a uma agilidade maior do que a metodologia convencional.
Então ela implica na construção de uma nova mentalidade onde o tempo todo eu fico tentando remover barreiras, tentando aumentar a produtividade de um sprint para outro e para isso eu preciso dar muita autonomia, empoderar as pessoas e colocá-las em um sistema de dedicação exclusiva ao projeto, com forte intensidade no foco da ação. Na metodologia tradicional, você sabe, pouca gente trabalha com dedicação exclusiva ao projeto.
E quais são os outros desafios que você enxerga na implementação dos métodos ágeis e organizações.
O primeiro desafio é construir essa nova mentalidade. O segundo desafio é conseguir criar um patrocínio que permita a remoção das barreiras em tempo hábil. E o terceiro desafio é educar essas pessoas para essa maior autonomia e independência por que de fato elas vão conceber, planejar e executar, tudo ao mesmo tempo dentro de cada sprint.
Ok, muito obrigado!