Olá, voltamos a conversar com Paulo Sabbag e agora falaremos sobre blended learning. Eu sou o Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.
Professor Paulo, como evoluiu o conceito de blended learning?
O conceito de blended learning nasceu quando as organizações passaram a investir no e-learning. Era uma maneira de reduzir os custos de educação e ao mesmo tempo ampliar a abrangência deles, não só geográfica, como a quantidade de gente atendida. Então no início blended learning significava mesclar o presencial com a distância de uma maneira inteligente.
No entendo hoje há uma compreensão de que as pessoas aprendem onde quer que elas estejam. Aprendem no trabalho, assim como aprendem na sala de aula e aprendem na vida social. Por isso estamos definindo três tipos de educação: a educação formal, a não formal e a informal.
A educação formal é aquela que oferece diploma, portanto é uma educação oficial e que não é mais apenas presencial, já existe até curso de graduação e pós graduação a distância.
A educação não formal é aquela que não dá diploma, dá certificado de participação, basicamente é feita por instituições não acadêmicas, e é aqui que se encaixa a educação corporativa feita pelas organizações, e também pode ser presencial, ou a distância.
O terceiro tipo, a educação informal, antigamente envolvia museus, visita a instalações ou a ações educacionais localizadas. Hoje em dia há uma grande novidade na educação informal que está se impondo, que é exatamente a educação que fazemos usando o smartphone e o computador.
E quais outras oportunidades estão sendo exploradas por meio do e-learning?
Agora o blended learning se amplia. Não envolve só sala de aula presencial e sala de aula a distância. Envolve também aprendizado no trabalho, com coaching, significando aquilo que antigamente nós chamávamos de training on the job, supervisão no próprio local de trabalho.
Envolve também todo o esforço do 702010, que envolve muito mais a doutrina de gestão de conhecimento do que as doutrinas de educação, ou de pedagogia. Isso é uma parte importante desse novo modelo educacional assim como continuamos chamando o presencial e a distância de blended learning e introduzindo esse terceiro fator que é o mobile learning, a aprendizagem pelo celular que é o representante mais promissor da educação informal.
E aprofundando um pouco nesta questão do mobile learning, quais são os cuidados que as pessoas devem ter antes de se jogar dentro dessa tecnologia?
Primeiro temos que definir que hoje a fonte primária de informação para um número entre 120 e 150 milhões de brasileiros é o celular. A fonte primária de informação não é mais a TV, o rádio, não é mais o jornal, muito menos os livros. Se este é o principal instrumento de acesso à informação ele tem que se tornar um veículo importante para a educação também.
O problema é que talvez esse seja o pior veículo do ponto de vista da aprendizagem. Porque há três problemas muito sérios envolvendo o celular para aprendizagem: o primeiro deles são os fatores de dispersão, é impossível se manter concentrado e atendo por muito tempo. Talvez, por isso a gamificação seja tão importante nos dias atuais.
Em segundo lugar é a impaciência do usuário. E em terceiro lugar porque é uma explosão sensorial tão grande do uso do celular que dá pouco espaço para a reflexão crítica. Diferentemente do e-learning o mobile learning envolve uma nova estética, uma nova linguagem, inclusive textos mais curtos em que há uma explosão sensorial, imagem, sons, cores, e assim por diante.
Tudo isso poderiam ser fatores importantes do ponto de vista de despertar a nossa sensibilidade e aguçar as nossas sensações, mas ele dificulta a reflexão crítica que é importante no processo de aprendizagem. Eu creio que é muito interessante o uso do mobile learning para a educação, mas nós que somos educadores precisamos saber usá-lo bem.
Ou seja, não basta migrar os seus scorms, o seu conteúdo da plataforma para o novo meio. É necessário reconstruir.
E nem podemos confundir e-learning com mobile learning.
Ok, muito obrigado!