Olá, voltamos a conversar com Paulo Sabbag e agora falaremos sobre conteúdos inovadores. Eu sou Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.
Sabbag, quais são os conteúdos inovadores que podem ser trabalhados nas organizações?
Que bom que você falou de conteúdos inovadores, porque nessa nova percepção de que a educação é um processo muito mais ampliado e que envolve não só os aspectos cognitivos como não cognitivos é preciso reformular inclusive o conjunto de conteúdos que colocamos por exemplo dentro de uma oferta de educação corporativa. Então eu creio que há alguns conteúdos que estão bem em voga hoje em dia e para mim são muito importantes.
O primeiro deles envolve presença executiva. Em um momento em que as organizações estão atenuando a sua hierarquia e a sua burocracia surge um novo perfil de liderança em que o líder precisa ter a sua marca pessoal, precisa dominar o storytelling, trabalhar as narrativas, porque é isso que faz ele compartilhar com as pessoas muito mais do que comandar. E neste aspecto a presença executiva é um tema novo muito promissor.
O segundo tema novo muito promissor, nós nos habituamos a lutar pela melhoria da qualidade, a trabalhar seis sigma, melhorias de processo, fluxograma era muito usado nas organizações. Agora nós percebemos que isso tudo é muito pouco. Nós precisamos chegar a ter o cliente como parte desta criação, como co-criação. E por isso há uma nova temática que eu creio que é muito relevante: design thinking, que para mim significa a mentalidade do designer. Significa fazer com que as lideranças tenham uma mentalidade de um designer que sempre envolve o seu cliente e desenha as coisas para a melhor interação e satisfação desse cliente. Esta é para mim uma temática muito importante.
Uma terceira temática é que quase todos os treinamentos visavam uma maior eficiência em produtividade, afinal de contas era isso que estava por trás dos ganhos de produtividade e sucesso empresarial. Agora estamos percebendo que neste mundo maluco em que nós vivemos a resiliência se tornou um tema muito importante. Resiliência como a capacidade de enfrentar situações extraordinárias, a capacidade de dar a volta por cima depois de uma grave crise ou adversidade e assim por diante. Resiliência me parece um tema muito importante, não só para gestores e lideranças como também para os próprios profissionais que hoje veem a própria situação de emprego muito mais ameaçada.
Eu tenho visto algumas organizações adotarem conteúdos como artes, temas muito não convencionais. Isso também está incluso?
Eu fico muito feliz com a sua pergunta Wagner. Há 10 ou 20 anos eu tive a notícia pela primeira vez de uma das empresas mais glamorosas do Brasil que estava fazendo treinamento para a diretoria envolvendo essa temática não convencional. E eu achei aquilo incrível. É incrível que decorrido quase 20 anos só agora estamos começando a perceber que não podemos ter o trabalho sem arte, e por isso inserir a arte no próprio processo de trabalho e por isso adotar conteúdos não convencionais passa a ser tão importante até no treinamento dos níveis inferiores da organização.
Então temas como história, política, filosofia e sobretudo artes me parecem que são muito relevantes. Até porque hoje nós não estamos falando só em inteligência lógica e matemática e estamos falando em inteligências múltiplas. E essas outras inteligências só poderiam ser desenvolvidas com esta temática mais distante do trabalho propriamente dito e do pragmatismo.
Como o participante reage em um conteúdo inovador deste?
É curioso, porque as pessoas que já estão com essa mentalidade da sociedade do conhecimento adoram esta abertura e esta explosão de novos temas. Mas ainda há pessoas que se apegam ao seu trabalho mais específico e dissociam o trabalho do restante da vida ou do seu próprio desenvolvimento. Como para mim o principal motivo da educação não é apenas desenvolver competências, mas é desenvolver sabedoria, eu gostaria que mais gente estivesse preparada para estes novos conteúdos.
Ok, muito obrigado!