Olá estou aqui com a Claudia Vasquez, Gerente de Treinamento e Desenvolvimento do Comitê Rio 2016, para falar sobre estratégia de treinamento. Eu sou Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.
Claudia, você poderia dar uma visão geral do que é a capacitação nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 e abordando a estratégia de treinamento?
Bem, quando começamos tudo isto, fizemos uma pesquisa sobre o que as outras cidades-sede fizeram, olhamos para o tamanho do nosso país e traçamos uma estratégia.
Sempre tivemos que treinar muitas pessoas, um volume enorme. Os três públicos: os voluntários, os colaboradores próprios e terceiros. Alguns terceiros serão treinados por nós para, dentro de casa, multiplicar o conhecimento sobre os jogos.
E qual é o tamanho destes públicos?
Os voluntários são 57.000, os funcionários, nossos colaboradores, 6.500, e os contratados são 85.000. Nosso objetivo sempre foi treinar estas, cerca de 150.000 pessoas, capacitá-las para conhecerem tudo que precisamos passar em cinco pilares de treinamento. E nosso objetivo principal era fazer que esta jornada fosse legal, que fosse uma jornada engajadora, bacana e que pudéssemos deixar um legado para as pessoas de algumas competências que elas irão adquirir.
Para algumas pessoas será uma experiência do primeiro emprego. Para outras que já trabalhavam, será aprender alguma coisa sobre o Jogo olímpico, sobre um grande evento. Enfim, este era o grande objetivo, fazer com que tudo funcionasse bem desde o primeiro dia e fazer desta jornada, uma jornada bem bacana.
E com uma contribuição bem significativa para o legado!
Sim, o legado será isto, deixar estas pessoas com uma noção do que são os Jogos, com competências novas. Para algumas pessoas será um primeiro contato com o trabalho, com emprego. Para outras será aprender o que é estar em um grande evento como este, no maior evento esportivo do planeta que são os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
Legal! E em relação ao volume de trabalho, de cursos e pessoas envolvidas?
Bem, temos aí um número muito grande. Conteúdos produzidos, serão aproximadamente 350 conteúdos para cumprir esta jornada que criamos em cinco pilares e dar suporte também aos eventos teste que acontecem antes dos jogos exatamente para testar nossa capacidade e depois não termos problemas.
As sessões de treinamento são mais de 1.000. As participações em treinamentos são mais de 800 mil tanto nos cursos online, quanto nos presenciais, 105 locais de treinamento que fecharemos com mais de 1.000.000 de horas de treinamento entre os cursos online e presenciais que disponibilizaremos.
Qual é o desafio de mobilizar tantas pessoas em tão pouco tempo?
É muito difícil, pois colocamos 150 mil pessoas para treinar em aproximadamente quatro, cinco meses tudo para que realizem suas funções e que tenhamos jogos excelentes acontecendo, sem problemas. Enfim, não dá para acontecer um erro, né? O cronômetro tem que rodar, a comida tem que chegar, o atleta tem que dormir bem. Tudo isto tem que acontecer para que tenhamos os jogos e isto envolve uma logística e uma série de preparações.
Quando vemos um atleta ganhando e desempenhando o papel dele muito bem, tem muito trabalho por trás. De muitos anos, muito planejamento e muita preparação e o treinamento ajuda as pessoas a fazerem isto, chegarem lá prontas para realizar seu trabalho bem, desde seu primeiro turno, do seu primeiro dia, nessa sua instalação, seja ela esportiva, ou não esportiva.
E para concluir você poderia falar um pouquinho sobre as práticas de Ensino a Distância?
Quando olhamos o tamanho do Brasil e que nossos voluntários seriam cerca de 30, 40% de estrangeiros que estavam se voluntariando para vir realizar os Jogos conosco, rapidamente entendemos que trabalharíamos com ensino a distância. Então, além de pensarmos nos cinco pilares de treinamento, logo começamos a entender que precisaríamos de um LMS, um portal de treinamento para, desde o pre-games, desde antes dos jogos, começarmos a preparar nossa população com temas muito importantes para nós, temas transversais, muito relevantes, como diversidade de inclusão, acessibilidade, sustentabilidade, segurança e os próprios Jogos. Contar um pouquinho para nossa população quando o comitê se estabeleceu, o que eram os Jogos, sua história, enfim, começamos isto há muito tempo e agora só temos que atingir um público maior.
Vamos ter funcionários e todos os voluntários começando a chegar e os contratados também assumindo seus papéis para juntos, essa força de trabalho toda conseguir entregar Jogos bem bacanas.
No último comitê olímpico já havia o uso de Educação a Distância?
Não. A maioria nos comitês se focaram em fazer treinamentos presenciais. Eventualmente tinham CDs que eram entregues para os contratados, mas nunca houve um LMS, nunca houve esse acompanhamento do aluno, controle e muito menos nunca perpassou toda a estratégia de treinamento.
Todos os nossos cinco pilares estão baseados em trabalharmos com esta questão do ensino a distância, seja ele através de um curso online, seja através de uma videoaula, seja através do que for. Estamos preparando para colocar no ar para atingir nosso público com maior facilidade e dar para ele essa oportunidade de treinar a qualquer hora em qualquer lugar. Depois, sim, às vezes, chamamos para algumas sessões presenciais que são bastante necessárias.
Ficamos muito felizes em saber que o Rio 2016 pode colocar mais um tijolinho aí de inovação e qualidade na história dos jogos!
Bacana também é que fazemos todos os nossos cursos online em cinco versões, o que é bem inovador para o mercado de trabalho no Brasil e acho que em qualquer lugar é difícil pensar em fazer isto. Todos os nossos cursos online serão em cinco versões, português, inglês, acessível português, acessível inglês e o mobile, atendendo aí a todo este gosto novo por iPads, celulares. Enfim, vai estar pronto em tudo isso!
Obrigado!
