Olá estou aqui com a Claudia Vasquez, Gerente de Treinamento e Desenvolvimento do Comitê Rio 2016, para fazer uma pequena retrospectiva dos principais marcos de capacitação. Eu sou Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.
Claudia, quais foram os principais marcos dessa história?
A nossa história de treinamento começa em 2011. Entrei no Comitê em maio daquele ano e trabalhamos como uma corporação tradicional, uma startup, onde tínhamos poucas pessoas, mas sabíamos que a companhia dobraria seu tamanho a cada ano, até chegar nos 6.500 colaboradores próprios no momento dos jogos.
Em 2011, nosso principal objetivo era criar um “bem-vindo” bem forte e que as pessoas conhecessem as nossas instalações que já existiam do pan-americano. Outro ponto era conhecer o Instituto Reação, do Flávio Canto, onde o esporte fazia transformação na cidade. Enfim, este era o primeiro objetivo.
O segundo grande objetivo foi implantar a avaliação de desempenho. Nós, como projeto, começarmos a ter as metas de todos os funcionários traçadas, que é uma ferramenta bastante tradicional nas corporações.
Um outro marco forte foi fazer o programa de desenvolvimento da liderança. Formar a nossa liderança, juntar ela pela primeira vez e começar a discutir temas importantes. Fizemos isto e foi muito importante, pois conseguimos receber uma série de inputs para criar os outros programas de treinamento que iríamos implantar em um catálogo de ofertas.
Também, um dos nossos grandes marcos foi realizar nosso primeiro workshop de diversidade e inclusão. É um tema que é sempre muito complexo e que, para mim, foi o meu maior aprendizado. Meu time e eu, além de todos os fornecedores que estão lidando conosco até agora, aprendemos muito como lidar com esta questão. Aprendemos a considerar a diversidade de inclusão. O Comitê é um lugar bastante diverso, onde é só você andar pelos corredores que você vê militares, atletas, ex-atletas, servidores públicos, pessoas que vieram das corporações, estrangeiros que vêm trazer sua experiência de já ter realizado um jogo anterior. Enfim, temos de todas as culturas, todas as línguas. Temos uma série de pessoas com deficiências e que estão se ajudando a fazer um trabalho bem bacana. Por isso tivemos que aprender a lidar fortemente com isto. Inclusive nos cursos online, onde passamos a ter as cinco versões. Algumas delas acessíveis em língua portuguesa e em língua inglesa, o que é uma grande dificuldade no mercado, conseguir fornecedores que possam trabalhar neste formato.
No ano de 2012 começamos a consolidar nossas políticas, entregar documentos formais para o COI e IPC das políticas que tínhamos. Fechamos nossa estratégia de treinamento, aquilo que queríamos ter como pontos principais, nossos pilares e implementamos o programa que chamamos de secondment program que consistia em enviarmos pessoas, talentos nossos, para Londres, até para assumir funções nos jogos e trazer depois toda essa informação e toda essa experiência para compor o nosso comitê.
Em 2013, lançamos o nosso portal de treinamento, que foi um grande marco. Nele colocamos nove cursos abrangendo temas transversais, como: segurança, sustentabilidade, acessibilidade, o curso de diversidade e inclusão online, já falando em duas línguas e que seria o curso que hoje vamos colocar no nosso portal para toda a força de trabalho, agora de quase 160 mil pessoas aí a bordo para realizar os jogos.
Foi um ano muito marcante. O portal inicia um momento que precisávamos entender que o Brasil é enorme e que viriam pessoas não só do Rio de Janeiro realizar os jogos conosco, e não só do Brasil, portanto tínhamos que trabalhar com o ensino a distância. Foi um momento também de fazermos vários focus groups para começarmos a capturar os conteúdos e criar nossas ementas dos treinamentos. Ementas essas que também colocamos em nossa estratégia e enviamos em um documento único para o COI e IPC.
Em 2014, fizemos o levantamento de necessidades de treinamento com as 107 áreas para entendermos o que elas eram e quantos cargos tinham para fazermos os treinamentos de função. Eram aproximadamente 500 cargos que ainda iríamos agrupar e fazer uma série de trabalhos para termos o material final do nosso quarto pilar.
Neste ano também conseguimos fechar nosso patrocínio. Pela primeira vez temos um patrocinador que irá oferecer para nós uma série de suportes tanto em recrutamento e seleção dos voluntários, como em treinamento da força de trabalho toda, oferecendo para nós uma estrutura física, materiais impressos e o desenvolvimento dos conteúdos online com fábricas de conteúdo.
Não é um patrocinador dos Jogos, é um patrocinador educacional?
É um patrocinador de educação que se juntou ao Comitê 2016. É um patrocinador dos Jogos. Tudo aqui acontece por patrocínio. Os Jogos só acontecem por conta dos patrocinadores que estão conosco.
Não são somente recursos?
Não. São os serviços. Eles podem aportar dinheiro, a frota Olímpica, os celulares que usamos, enfim cada patrocinador traz aquilo que ele tem de produto, ou serviço, para nos ajudar a conseguir entregar estes jogos.
Em 2015, começamos a ter muitos eventos teste, que são os campeonatos mundiais que vêm ao Rio e começamos a testar se uma série de coisas estão funcionando, inclusive já a nossa experiência com forças de trabalho fazendo tudo isto acontecer. Começamos efetivamente a ter materiais impressos, já ter alguns dos pilares prontos e funcionando para a atender as pessoas que começam a realizar os eventos teste no Rio.
Também colocamos no ar o “Formação de instrutores”, pois grande parte das pessoas que estão no Comitê serão instrutores dos seus treinamentos de função e das instalações onde eles vão habitar. Também, colocamos no ar o “Liderança nos Jogos” que é nosso terceiro pilar. Fizemos o “Técnicas de gestão”, abordando quatro temas para a liderança para compor o que chamamos de “Venue Academy”. São eles: comunicação, feedback, gestão de conflitos e negociação.
Começamos a dar suporte para uma área do comitê que chama Readiness. É uma área de prontidão, onde também começamos a fazer alguns materiais impressos para dar suporte, começamos a receber uma série de pessoas em grande quantidade e começamos a preparar estas pessoas para estarem prontas para operar. Já não é mais o momento de planejar, é o momento de entrar em operação nas instalações.
E agora em 2016?
Em 2016, entregamos tudo que está faltando. Todos os pilares que ainda não estavam prontos e abrimos o portal para os voluntários que já começam a trabalhar nas primeiras instalações e começaram a ser treinados para isto. Algumas instalações abrem primeiro, como os aeroportos, o centro de distribuições de uniformes e credenciais, a Vila Olímpica e então começamos a treinar algumas pessoas na frente. Estas pessoas já estão com o portal aberto e podendo fazer o primeiro pilar (“Jogos Olímpicos e Paralímpicos”), o segundo (“Excelência em Serviços”) e o terceiro (“Meu papel nos Jogos”), mas só a visão geral, não o presencial que vai acontecendo em outra escala. O “Meu Local de trabalho”, em 2016, também vamos operar bem próximo às aberturas das Venues. Convidamos as pessoas 10 a 15 dias antes, no máximo, para visitarem a Venue e terem treinamento presencial lá. Também fizemos um treinamento que chamamos de “Welcome to Brazil“, que falamos com estrangeiros que são grande parte da nossa força de voluntários, 30 a 40%. Contamos um pouco do Brasil e do Rio de Janeiro também.
Legal. E preparando tudo isto, vai sobrar tempo para dar uma torcida para o Brasil?
Vai, claro que vai! Na hora dá, sim. Sempre torcemos, têm televisões no prédio todo e mesmo que fiquemos aqui no backoffice, vamos poder acompanhar alguns Jogos pela televisão. Vamos estar sempre torcendo.
Legal. Muito obrigado!
Muito obrigada!