Série RIW 2024 |3 de 8| Mudanças e transformações humanas

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Olá! Voltamos ao Rio Innovation Week 2024. Minha próxima convidada é a Cátia Vasconcelos, Diretora de P&D e Recursos Humanos do Grupo Rhopen, e nós vamos falar sobre transformações humanas em tempos de constantes mudanças. Eu sou Wagner Cassimiro e este é o Espresso 3.

Na sua palestra, você abordou algumas tensões que estão crescendo por conta dessas mudanças. Conta um pouquinho mais sobre elas.

Quando a gente observa esse ambiente de grandes incertezas e de mudanças que todos nós estamos vivendo, percebemos que estamos tendo que agir e pensar de formas diferentes. Mas, nessa pressão por agir e pensar de formas diferentes, todos nós vamos sempre nos deparar com alguns pontos de tensão. Na palestra, eu tentei destacar, dentre tantos que todos nós vivemos, quatro deles.

O primeiro deles que eu trouxe é a tensão entre a inovação e o mundo mais tradicional, porque, se por um lado todos nós – eu, você, todo mundo, enfim – estamos sendo cada vez mais cobrados a pensar e agir de maneira inovadora, acabamos sendo, por vezes, levados para comportamentos e modelos de pensamento mais tradicionais. Então, como é que a gente rompe com esse tradicional e, efetivamente, começa a navegar em um mundo mais inovador?

Quando associamos isso a um segundo ponto de tensão, que é a individualidade e a coletividade, percebemos que, no mundo da inovação, a colaboração e a cooperação são pressupostos. Mas, como passar a agir dessa forma quando todos nós fomos educados, e ainda somos inclusive incentivados, a operar muito numa lógica do individual, de uma conquista que você obtém por meio dos seus pensamentos ou das suas atitudes individuais? Então, também romper com a lógica do individual para a lógica do coletivo não é algo tão simples assim.

O terceiro ponto de tensão passa muito pela questão da sustentabilidade e de um mundo não sustentável, que é um mundo que nós conhecemos bem, porque é o que estamos vivendo neste momento, que está muito sustentado na exaustão. Ou seja, a exaustão de recursos – recursos ambientais, recursos físicos, os chamados recursos humanos. Então, cada vez mais, vamos precisar abandonar a lógica da exaustão e migrar para uma lógica do cuidado, a lógica do sustentável. Aquilo que não existe para ser extraído, consumido e descartado, mas que, por si só, possa ser regenerado.

E o quarto ponto é a tecnologia e a humanização. Se por um lado a tecnologia está aí, e seus avanços facilitam a nossa vida, por outro lado, não podemos de maneira nenhuma nos desconectar daquilo que é a nossa essência, que é a essência do mundo.

E nessas quatro tensões, percebemos alguns dilemas e paradoxos. Quais as implicações para o ser humano?

Pois é. Acho que a grande implicação, sabe, Wagner, que eu fico pensando, é como vamos conseguir conectar o que sabemos sobre isso, porque já temos muitas informações e já produzimos muitos conhecimentos sobre o assunto. Mas como é que a gente conecta tudo isso com a capacidade de fazer as mudanças necessárias? E aí, a grande implicação é, de fato, conseguirmos abandonar nosso modelo mental, que ainda está muito sustentado numa lógica mecanicista, na lógica da exaustão, na lógica do mundo das coisas, para efetivamente migrar para uma lógica sustentável, para uma lógica da regeneração, para uma lógica do cuidado e para a lógica da reconexão com o humano. Porque, afinal de contas, estamos aqui porque somos humanos.

Então, a gente deve parar de coisificar o ser humano e humanizar as coisas?

Exatamente. Ou a gente, de fato, entra na onda da humanização e não mais uma vez nessa coisa de coisificar, tentando humanizar humanos. Eu tenho dito que precisamos humanizar de fato os humanos, e isso começa por cada um de nós.

Muito obrigado. Bem, em breve mais entrevistas diretamente aqui do Rio de Janeiro. Até mais!

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