Você sabia que uma comunidade não se gerencia? Se cultiva. Eu sou Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.
Conforme descrevemos no último cafezinho, uma comunidade de prática pode ser vista como uma organização social e orgânica para promover o compartilhamento de conhecimento.
Estas trocas existem em diversos cantos da organização, mesmo para fora da empresa, e atuam de forma bastante silenciosa. Identificá-las e promovê-las é reconhecer seu valor e impulsionar sua contribuição para a organização, suportando e oferecendo recursos necessários para o seu crescimento. Ao invés de ser gerenciada nos moldes tradicionais de gestão, deve ser cultivada para que floresça e evolua ao longo do tempo. Neste cafezinho apresentaremos os 7 princípios para cultivar comunidades de prática.
1- Desenhe para evolução
O primeiro princípio é desenhe para evolução. Mais do que uma solução pontual, uma comunidade de prática é uma ação permanente de aprendizagem e de gestão do conhecimento. Logo é preciso reconhecer sua característica de flexibilidade e de adaptação durante sua rota de evolução, tanto nos tópicos abordados, quanto em seus integrantes e ações promovidas.
2- Abra o diálogo
O segundo princípio é abra o diálogo entre a perspectiva interna e externa. Ao mesmo tempo em que os membros de uma comunidade buscam coesão interna e aprofundamento no assunto, é fundamental que acompanhem e conversem com ações e mudanças na organização e em seu ambiente. A oxigenação de ideias e de pessoas é bem-vinda para manter a aprendizagem em constante aprendizagem e descoberta.
3- Convide diferentes níveis de participação
O terceiro princípio é convide diferentes níveis de participação. Os membros de uma comunidade participam com diferentes níveis de intensidade e de frequência. Temos o coordenador que juntamente com o grupo principal definem e promovem as discussões da comunidade, mas também temos pessoas ativas em menor intensidade, pessoas que estão na periferia que ficam observando, assim como pessoas de fora que por acaso encontram o que precisam por meio da busca.
Para todos estes níveis de interação é preciso estabelecer ações de acesso e engajamento, caso contrário a comunidade será um clube fechado, ou uma terra de ninguém.
4- Desenvolva ambientes
O quarto item é desenvolva ambientes tanto públicos, quanto privados. As pessoas da organização, ou mesmo da sociedade se abertas, precisam tomar conhecimento de que a comunidade existe e do que ela se propõe a discutir. Somente assim para promover a atração de novos interessados e a divulgar as descobertas da comunidade. Além disso, as pessoas se identificam com a marca do clube, que gera sensação de pertencimento e inclusão.
Entretanto, alguns espaços restritos são necessários para preservar tópicos sigilosos, ou mesmo promover a interação dentro de um contexto específico, com confiança, intimidade e dentro de um universo com normas sociais.
5- Foque no valor
O quinto item é foque no valor. A participação na comunidade é voluntária, assim o benefício individual deve estar associado ao benefício social para contar com o engajamento das pessoas e o reconhecimento da organização. Mapear estes interesses ajudará a promover ações e eventos que aumentarão a adesão e a participação das pessoas.
6- Combine familiaridade e entusiasmo
O sexto item é combine familiaridade e entusiasmo. Uma comunidade é um local neutro separado das pressões diárias do trabalho. Ao mesmo tempo em que oferece conforto, acolhimento e segurança aos seus participantes, promove desafios para retirá-los da zona de conforto.
Assim, por exemplo, apresenta sucessivamente tanto repositório de conhecimento e encontros frequentes, quanto grandes projetos e feiras de conhecimento com temas disruptivos na área.
7- Crie um ritmo
O sétimo item é crie um ritmo para a comunidade. Nem correndo, nem parado. Uma comunidade deve encontrar qual é o melhor passo e encadeamento de suas ações. Os níveis de interação e as atividades devem respeitar o apetite das pessoas e as condições de acesso permitidas pelo trabalho. Em determinados períodos ao longo do ano, também se pode encontrar sazonalidade na participação por conta de períodos intensos no trabalho, o importante é não deixar a bola murchar.
Interessado no assunto, explore nossa sessão de gestão do conhecimento e poste abaixo para produzirmos mais cafezinhos deste assunto. Até mais!
Fonte: WENGER, E.; McDERMOTT, R.; SNYDER, W. Cultivating Communities of Practice. Harvard Business School Press, 2002.
Um comentário sobre “7 Princípios para cultivar uma comunidade de prática”
Excelente conteúdo! A reflexão de que uma comunidade não se gerencia e sim se cultiva pode ser interpretada como uma quebra de paradigma do que é ser um líder nas “n” comunidades que estamos inseridos.