O que vale mais: hard skill ou soft skill?

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O que você acha mais importante no desenvolvimento das pessoas: hard skills ou soft skills? Eu sou Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.

Este assunto é polêmico e há mais especificidades e exceções do que uma regra universal. Em diversas pesquisas que analisamos há uma tendência de equilíbrio entre as habilidades técnicas, chamadas de hard skills, e as habilidades comportamentais, chamadas de soft skills.

Entretanto, um estudo realizado em anos diferentes traz uma reflexão interessante. Em 2016, uma grande pesquisa feita pela IBM Institute for Business Value em cooperação com a Oxford Economics, que envolveu mais de 5 mil respondentes em 48 países, apontou nesta edição que a preferência dos executivos em relação a sua força de trabalho estava mais para as habilidades técnicas. 

Em 2018, ao repetirem esta mesma questão, o resultado surpreendeu, pois as habilidades comportamentais subiram de forma geral entre as opções levantadas e ocuparam as quatro primeiras posições.

Assim, “A disposição por ser flexível, ágil e adaptável a mudanças“ passou de quarta para a primeira posição. “Gestão do tempo e capacidade de priorização“ passou de sétima para a segunda posição. “Capacidade de trabalhar eficazmente em ambiente de time“ também subiu de quinta para a terceira posição. E, a “Capacidade de comunicar eficazmente no contexto de negócios“ embora tenha ido da terceira para a quarta posição, ainda se manteve entre as prioritárias.

Já entre as hard skills, as duas que estavam empatadas em primeiro lugar em 2016, “Capacidade técnica-chave para ciência, tecnologia, engenharia e matemática“ e “Habilidades de computação básica e de softwares“, caíram respectivamente para a sexta e oitava posições.

O quadro representa as demais modificações nas posições entre as competências avaliadas. No geral, é possível perceber visualmente a ascensão das soft skills em detrimento das hard skills.

Em 2019, um terceiro relatório publicado pela IBM trouxe à tona esta discussão e também algumas possíveis explicações. 

Uma das hipóteses é a de que os investimentos foram priorizados inicialmente no desenvolvimento de habilidades técnicas, assim como na adoção de novas tecnologias, e que depois estão buscando atender as habilidades comportamentais. 

Outra hipótese é a de que os executivos estão cada vez mais buscando a inovação contínua e para isso é necessário elementos mais comportamentais, como: criatividade, empatia, trabalho em time, adaptação, entre outros.

Um dado interessante, é que o tempo de preenchimento de uma lacuna de habilidade por meio do treinamento tradicional cresceu mais de 10 vezes nos últimos 4 anos, passando de 3 para 36 dias por conta de sua complexidade.

Do ponto de vista da aprendizagem, podemos colocar alguns aspectos importantes nesta discussão. Primeiro, habilidades técnicas tendem a ser mais facilmente empacotadas em soluções de elearning ou treinamentos do que as habilidades comportamentais, que necessitam de vivências, contexto e situações reais para serem desenvolvidas eficazmente. 

Segundo, a habilidade comportamental é muito influenciada pela cultura da organização, enquanto que as habilidades técnicas podem ser desenvolvidas com soluções genéricas do mercado, se forem universais. 

Terceiro, o acompanhamento da evolução e a avaliação é nítida na habilidade técnica, assim a pessoa sabe ou não sabe, já na comportamental, a percepção e a verificação do êxito da mudança é bastante subjetivo e interpretativo. Além das chances de retrocesso do comportamento.

Por fim, embora sejam comumente diferenciadas e separadas, a boa prática diz para unirmos soft skill e hard skill no desenvolvimento das pessoas, pois isso facilita a aplicação da técnica seguindo os padrões comportamentais. Ensinarmos estes elementos em separado só dificultará a junção deles na execução pelo aprendiz.

Independente do que é mais ou menos importante, o foco deve ser em como desenvolver com eficácia aquilo que se dispôs a fazer, combinando os melhores meios para isso e indo além do treinamento. Só assim será possível combater a escassez de habilidades críticas requeridas pelas organizações.

E você? O que você acha mais importante neste assunto. Poste seu comentário abaixo. Até mais!

Fonte consultada: The enterprise guide to closing the skills gap: Strategies for building and maintaining a skilled workforce. IBM Institute for Business Value, 2019.

Resumo da videoaula sobre O que vale mais: hard skill ou soft skill?

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3 comentários sobre “O que vale mais: hard skill ou soft skill?

  1. Caro Wagner, seu review do estudo está impecável, parabéns por compartilhar!

    Entendo importante também, discutirmos alguns aspectos do estudo da IBM que, em minha visão, parecem viesados: a pesquisa busca fazer um ranking de quais competências são mais importantes, como se hard-skills ou soft-skills fossem concorrentes, quando na verdade, são complementares.
    Por exemplo, como a pessoa poderá desenvolver a ‘capacidade de trabalhar eficazmente em ambiente de time’, ou ‘fazer a gestão do tempo’ se ela não tiver habilidades técnicas, ainda que mínimas, aplicáveis ao negócio? Se o job é produzir relatórios em grande escala para uma companhia, é natural que o profissional desenvolva sua capacidade de priorização e gestão do tempo, tendo em vista as inúmeras demandas que recebe diariamente. Mas como isso será possível se ele não dominar uma ferramenta como excel ou outro aplicativo que impulsione sua produtividade?

    Me parece claro que, ao responder a pesquisa, o executivo deve estar observando o estágio atual de desenvolvimento do seu time, pois colocar ‘ética e integridade’ em 10º e 8º lugares, respectivamente, pressuponho que o líder esteja pensando: “ética é algo natural, então não é algo que eu precise me preocupar”… É a única explicação que eu visualizo para tamanho desleixo com algo presente em qualquer declaração de missão, propósito ou valores de empresas e organizações…
    Enfim, provocações para uma reflexão mais abrangente do referido estudo…

    1. Olá Marcelo, obrigado pelo comentário! Realmente, um bom jogador usa as duas pernas no futebol e não dá para ficar só com uma, assim tem que haver um equilíbrio entre hard e soft skills. No mais, existem habilidades listadas que são essenciais, como você mencionou, a ética, sem a qual a pessoa sequer é contratada, ou logo desligada. Acredito que o estudo evidenciou as habilidades diferenciadoras que se destacam, considerando as essenciais como obrigatórias.

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