Série Américo Figueiredo | 4 de 6 | Transformação digital e mudanças organizacionais

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Olá, estou com Américo Figueiredo, especialista e executivo de Recursos Humanos e agora vamos falar sobre a transformação digital e as mudanças requeridas por ela.

Eu sou o Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.

Américo, na pauta da transformação digital, o que as organizações precisam encampar em termos de mudanças para continuarem se mantendo competitivas?

Wagner, tenho visto uma profusão de projetos e de iniciativas de transformação digital por parte das empresas dos mais variados segmentos. Por que? Porque isto se tornou imperativo da sociedade moderna, ou seja, sem transformação, sem a empresa ter um olhar digital, sem ter um modelo mental digital, fica muito difícil conseguir interagir com os clientes e com seus colaboradores. Mas o grande desafio, efetivamente, que vejo sendo enfrentado por estas empresas, é a mudança do modelo mental analógico para o modelo mental digital.

A transformação digital não é você colocar um template digital, ou seja, para isto você tem inúmeras soluções no mercado. Você contra a IBM, a Oracle, para citar dois players importantes, consultorias de renome, McKinsey por exemplo com quem trabalhei e você consegue colocar o template, mas você não faz a mudança do modelo mental analógico.

O grande desafio, hoje, nestas organizações que estão em processo de transformação digital, é você pensar a organização não mais do ponto de vista analógico, aquela estrutura organizacional cheia de níveis, aqueles processos engessados, a falta de empowerment das pessoas, a disponibilidade 24/7 dos serviços, dos produtos, da operação do negócio, muito mais a propensão de atender as expectativas dos consumidores em detrimento das expectativas hierárquicas de um diretor, de um vice-presidente. Esta mudança em termos de modelo mental se faz muito mais necessária, pois o digital hoje permite você ser ágil, ser imediato e ter o controle nas mãos dos usuários. O controle deixa de pertencer ao cargo, às estruturas hierárquicas e passa a ser muito mais do usuário final que detém o poder de decisão, se vai usar, se não vai usar.

O que os executivos de Recursos Humanos poderiam fazer para assegurar que esta mudança seja bem-sucedida?

Isso é uma provocação bacana que você faz! E aí, também peço licença para ser um pouco mais provocativo, ou seja, os executivos de Recursos Humanos deveriam ser os grandes patrocinadores de startups internas, laboratórios e startups dentro das suas organizações como experiências piloto de mudança de comportamento. Sendo bem tranquilo e honesto, trazendo de fora uma nova geração de pessoas que vão inocular, como se fosse um vírus de transformação dentro das organizações.

Você tentar convencer pessoas que tiveram a vida toda formação analógica a serem agile, a serem propensas ao digital, a trabalharem muito mais com empowerment, não vai acontecer. Infelizmente a minha experiência mostra que temos que promover este processo de mudança forçando a inoculação de vírus de transformação. É como se tivéssemos aqui, você criar uma incubadora interna da sua empresa para fazer o processo de, quase, implosão da cultura, para que nascesse dali uma organização muito melhor. Eu acho que os executivos de Recursos Humanos deveriam ser os principais responsáveis por liderar este processo dentro das suas empresas.

E para aqueles que não são o vírus, o que pode ser feito?

Aí nós teríamos que fazer um processo de aculturação, um processo de reskilling, e nós temos que ter a coragem de enfrentar os grandes problemas. Não adianta fingir que não vamos ter problemas, pois nós teremos que fazer, talvez usando plataformas de educação corporativa, boas iniciativas como escolas de líderes, escolas de capacitação interna, modelos de desenvolvimento de educação profissional dentro das organizações para dar a oportunidade àqueles que queiram fazer esta jornada de transformação.

Lembrando a nossa psicóloga querida, Carol Dweck, que fala do mindset, ou seja, identificar na organização aqueles com mindset fixo, aqueles com mindset de crescimento. Então, fomentar oportunidades na organização para aqueles que tenham mindset de crescimento, consequentemente, mais uma vez, não faltam recursos no mercado, plataformas de educação, modelos para que tenhamos este processo de transição bem feito. Sobretudo, ao meu ver, o desafio maior está na atitude e a atitude precisa ser encarada com coragem.

E por fim, qual é o destino de um profissional que tem um mindset rígido e que não se requalifica?

O meu pragmatismo me fez ser um executivo bem-sucedido, sou muito grato à vida por esta trajetória que eu tive de percorrer. Uma das coisas que mais me ajudou profissionalmente foi ter a coragem de tomar decisões difíceis.

Coragem de desligar, respeitosamente sempre, profissionais que infelizmente não queiram mais fazer parte do novo ciclo de transformação pelo qual passam as empresas. Porque estamos falando agora de transformação digital, mas as empresas já passaram por outros ciclos de transformação. Este é mais um ciclo e este problema é recorrente. Agora, você manter dentro da organização, apesar de tudo isto que nós falamos aqui e mesmo assim, um profissional reticente, que não quer, infelizmente ele tem que ser convidado a deixar a organização e buscar um caminho que faça sentido para ele. Com respeito e consideração.

Muito obrigado!

Obrigado você!

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