Aprendizagem: produto ou processo?

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Você acha que aprendizagem é um produto ou um processo? Eu sou Wagner Cassimiro e este é o Espresso3.

Na década de 90, a professora israelense Anna Sfard escreveu um artigo acadêmico interessante e que levanta a reflexão de como trabalhamos a aprendizagem nas organizações e nas instituições de educação. 

Por meio desta compreensão, poderemos tanto aprimorar a definição de nosso portfolio e objetivos de aprendizagem mais alinhados aos resultados esperados, quanto a elaboração da melhor experiência de aprendizagem possível.

Para a autora, a aprendizagem pode ser vista como um produto ou como um processo.  E ela explica as diferentes visões entre as formas por meio de duas metáforas. 

A primeira metáfora, “aprendizagem como obtenção” (learning as attainment), apresenta a aprendizagem como um produto e procura entregar a pessoa habilidades e conhecimentos geralmente por meio de cursos e treinamentos fora do trabalho. 

Nesta abordagem, a grande contribuição foi o desenvolvimento de qualificações vocacionais baseadas em competências, os quais privilegiam os instrumentos e a avaliação dos resultados da aprendizagem. 

Dentro das organizações, temos o apontamento de programas e cursos que vão realmente contribuir para a geração de valor ao negócio e para as pessoas.

Entretanto, nesta visão o processo de transferência de habilidades e conhecimentos tende a ser tratado como algo sem problema, pois se acredita que as habilidades e conhecimentos já estão bem definidos e bem codificados. 

Assim, muitas vezes somente são trabalhados formatos tradicionais e formais com simples exposição e transmissão de informações.

A outra metáfora, “aprendizagem como participação” (learning as participation), mostra a aprendizagem como um processo e busca entender como as pessoas aprendem no dia a dia e no trabalho. 

Nesta visão temos a aprendizagem como sendo contextual, situacional e social, assim o desenvolvimento de competências decorre da vivência de situações e da superação de desafios, bem como da interação com outras pessoas. 

Por isso, o foco é na construção de situações e experiências que vão possibilitar a compreensão, a prática e o domínio de conhecimentos, habilidades e atitudes. Aqui temos mais a exploração do design de aprendizagem e de formatos da aprendizagem informal, podendo ou não estarem combinados com outros formatos.

Entretanto, nesta visão o deslize está na ausência de um diagnóstico profundo de negócios, na falta de uma priorização adequada do portfolio e na respectiva verificação dos impactos e dos resultados.

A síntese destas duas metáforas é de que uma não existe sem a outra. Não basta definir bem o que deve ser aprendido, se as pessoas não aprenderem. Tampouco não basta gerar a melhor experiência de aprendizagem, se as pessoas não aprenderem o que realmente deveriam para atingir os resultados esperados.

E você? Qual é a visão que você mais se enquadra? O que você faria para desenvolver a outra visão?

Independente da resposta, fique antenado nas novas publicações! Temos um cafezinho quente todas às terças-feiras! Até mais!

Resumo da aula de Prof. Wagner Cassimiro sobre Aprendizagem: produto ou processo?

Fonte consultada: SFARD, A. On Two Metaphors for Learning and the Dangers of Choosing just One. Educational Researcher, 27 (2): 4-13, 1998.

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